17 de dez. de 2007

anjos do picadeiro

Sexta feira fui na OPA visitar a minha amiga Angeluz. Me ensinou o horto biológico que cuidam, que é uma ladeira fronte á baia, onde plantam hortalizas e regam com a agua do esgoto, que flitram cun sistema de cinza. Angeluz é carioca, e xa marcamos pra nos ver no Rio este Natal (eu vou pra lá o dia 23).

Mais tarde coincidimos no OVERDOZE, um festival de circo e palhaços, do lado da minha casa, no Vila Velha, que me deixou alucinado. Montaram varias lonas, cenários no exterior e bares. Nunca gostei muito do circo, mais o brasileiro é outra coisa. Vinhera pessoal de todo o mundo. Até Leo Bassi, - que na programacion se facia chamar espanhol - e que esa noite só mostrou seu documentario sobre o que lhe fizeram os da Falange. Fui falar com ele - era o unico espanhol por alí - porque fiquei impresionado com as imagens dos fachas em Madri, e as ameazas de morte que sofreu. Xa vira ao Leo vestido de harlequim entre todos os trapecistas, palhasos e zancudos indo para o Pelourinho, fazendo o show por toda a cidade.

Varios dos espetáculos daquela noite me lembrarom o circo de meiados de século. O dos ciganos, a lírica, a magia. Sobre todo a Carroça de Mamulengos, uma familia do Ceará que viaja por todo o Brasil, estilo cigano. A menina mais pequena se veste de boneca xigante, têm um dragão com forma de saramaganta que bota fogo, e uma moza de uma beleza e voz angelicais, que canta cun violão.

Fiquei com meu amigo Marvin e uns quantos danzarinos que conhecimos esa noite. Os shows acontecian à mesma hora ás vezes, e era dificil escolher. Depóis de 12 horas, ás 5 da manhã, xa amanhecendo, varias componentes dos distintos circos fazian pan com banana e passas pra todo o mundo. O melhor do festival foi o clima de respeito aos valores e sensibilizacion. Falouse de autogestion, sustentabilidade, e de axudar atraves do humor. De que o mundo pode-se curar com axuda do humor.

26 de nov. de 2007

a vida

Hoxe mataron uma mulher na Dois de Julho. Quando ouví os tiros, estava fazendo contato visual com um garoto bem bonito que falava no orelhão. Os dois interrompemos o contato para olhar cara a praça, onde a gente se amontoava ao redor dela: uma mulher grossa, de pele escura, mas não negra, e de aspecto desalinhado, que ficava no chão de barriga pra acima, e parcialmente ao descuberto. Tinha sangue no solo, aos lados da sua cara; a sua roupa, vermelha, non deixava distinguir as manchas.

Os vizinhos e os curiosos íanse acercando, muitos passavam a ver de quem se tratava e voltabam com uma expressão como ensaiada, de lástima. Para non quedar de superficiais depóis de ver um corpo defunto no chão.

-Quem é?-

- Matarom á Gina - falou um home.

Nos bares da praça falava-se do tema, mas poucos foram os que se tinham aproximado ao lugar. Há pouco me di conta de que é algo que forma parte do diario da cidade, e que xa non surpreende a ninguem. Mas teve gente que chorou pela coitada mulher. Uma vizinha, bem xove, desconsolada: - Que vamos fazer agora? - Dizía. - E o menino, seu neto?-.

Eu fui dalí no ginásio, para queimar a adrenalina, e terminei queimándoa de todo com o Joelson, que hoxe cismou em vir na casa e saíu há um pouco aínda.

Mas outro día falo máis do Joe e doturos dramas que me forom proximos, coma o do Gaúcho.

A vida segue.


camionete roosmalen


Vendo o que ocorreu com o Marc Van Roosmalen ("Camionete Roosmalen"), da pra dar-se conta dos intereses que tem o governo do Brasil na Amazônia, que são muito mais economicos do que sociais ou ambientais. Um homem que descobreu para a ciéncia um monte de novos primates, e que continúa descrevendo espécies aínda non catalogadas de mamíferos:

“For if there are out there big tree-dwelling, ground-dwelling and even aquatic mammals not known to science - a dwarf tapir, a giant peccary, a white deer, a dwarf manatee, another river dolphin, to name a few - what do we really know about its flora and fauna? Very Little. About its ecology - the utterly complex web of relationships between plants and animals? Even less. Then what do we know about the sustainability of this ecosystem? Absolutely nothing.”
- Marc G.M. van Roosmalen PH.D.

23 de nov. de 2007

amanhecer


Terminou a festa. A xente foi antes de nascer o sol. Eu fiquei aqui, diante do terraço. O ceo esta anubado. Gosto ir durmir com essa luz.

Estou lendo os poemas de Rumi. E pergunto-me. como é possível ter saudade de um amor que não existiu? Ou tal vez é isso, que a saudade que eu tenho é de um amor que aínda não teve...

Adoro o amanhecer. Nessa hora, sinto a energía do mundo acordando. E acordando-me:

Esperta, meu amor. O sol já voltou para te esquentar. Os passaros cantan pra ti.

Mas neste caso, o amanhecer anubado me enviou pra a cama.

O Amor do que fala Rumi é Universal. Pódese sentir ao ler súa obra.

gerónimo

Onte fui numa reunião entre o PT e o PV da Bahía. Cheguei no meio de um tremendo engarrafamento, mas sem nenhuma presa, porque me levava o taxista mais guapo que eu conheci, Eduardo. Pedi-lhe seu numero pra que me leve a todas partes desde agora. Eduardo pegou um atalho e consegui chegar na hora na sede do PT. Mas ainda non comezara a coisa. O atraso foi por causa do futebol. Tinham partido Bahia vs non-sei-o-que.

Forom chegando os politicos, curiosos e simpatizantes, e o debate foi o de sempre: o capitalismo non é compatível com o desenvolvemento sustentável. Os integrantes do PT mostravanse xa de volta de todo, e o ton da sua retorica interminável foi bastante pesimista. O que é certo, eles diziam, é que sem os membros do SEMARH no governo do estado, a situacion seria muito peor. Mas como poderia ser peor situacion ambiental na Bahía? Non tendo situacion?

Este post teve a sua dificuldade. Meus dedos tiverom que sortear um monte de formigas voadoras, que caiam, kamikazes, sobre o teclado. Sorte que Gerónimo, a bibra (gecko), está sempre ai para controlar estas invasons que tenho periodicamente (antes das tormentas). Hoxe ele esta-se dando um banquete histórico.

20 de nov. de 2007

O blog vai voltar de aqui a pouco. Só falta tomar umas quantas decisions sobre a linguage e a temática. Estamos de obras

21 de out. de 2007

O peixe que non era tropical.

20 de out. de 2007

os olhos do nibelungo

Este blog começa um pouco triste. Há quase 3 meses que moro em Salvador da Bahía, e nesse tempo experimentei uma felicidade como nunca. Mas há pouco meu namorado veio morar aquí, e a coisa mudou. Eu adoro ele, mas acho que a nossa convivéncia estragou bastante minha estancia aquí. Hoje ele voltou a Madrid e ja tem um bilhete de volta a Salvador pra dentro de 10 días. Mas brigamos tanto últimamente que ele diz que vai pensar se ele volta. Fico contrariado, mas ocorre que meus sentimentos por ele mudaram. E quero estar seguro de que é um problema de convivéncia, e non de desamor. Non sei que pode ocorrer, mas por uma serie de circunstancias que non vou contar aquí, acho que eu merezo e precisso morar sozinho.

Aparte coisas tristes - acho que pode ser horrível comezar um blog a falar da vida sentimental de um - foder... acabo de chamar a o Wagner, um dos caras mais bonitos que eu já vi. Amanha vamos marcar pra fazer alguma coisa... se há sorte.

Wagner e eu nos conheceramos a pouco de eu chegar no Brasil, uma noite, numa rave a altas horas da madrugada, e ele diz pra mim que estava com o seu namorado (um cara feio pra caramba).

O día anterior a eu voltar na Espanha pra fazer umas provas na Autónoma, fui na "Off", uma disco com nome de repelente anti-insetos, e que honra ao seu nome. Bom, nessa boite, depóis de ver centos de caras super-feios - coisa rara na Bahía, cidade onde pelo menos, a metade dos homens som bonitinhos - , aguentar bichas doidas e demáis, teve de súpeto uma vissão:
foi uma coisa coma de sequencia de video musical, ou filme dos 80´s...

A gente se olhou direto, e eu me acerquei no cara: ele é moreno, pele escura de cor dourada, mas com face de "caucasiano". Seguro, com essa cor, ele é um pouco indio. É um tipo de gato que só se pode encontrar no Brasil. Roupa surfer, frouxa, franja no cabelo e dois brincos de prata na orelha esquerda.

A gente falou, a metade em inglés, e non porque eu non entendera, senon porque a situaçao o requería. Ele estava con uma amiga do seu namorado. Uma mulher grossa, ums 40 anos, cabelo louro de pote e de uma beleza criptica. Depois de um bocado a paquerar com o Wagner, ele me convenceu pra falar com sua amiga e fingir que eu quería paquera com ela. Pra brincar, Wagner diz pra mim que ela é piriguete*. Com seus grandes beizos e brackets, non era muito do meu agrado, nen ainda se eu fosse hetero, mas depois, já quando eu ía embora por non agüentar máis a situação, a povre mulher me falou que ela non ía covrar pra mim. Ía dar só amor. Nossa... Saía dalí chateado, porque o cara non me quiz dar seu numero. Por causa do seu namorado, dizia ele...

Pensei que non nos iamos ver mais. Mas quando eu estava na Espanha ele foi na faculdade, e non sei como, deu com o outro espanhol que trabalha lá, Agustín. Ele lhe pediu meu e-mail (!?), e escreveu pra mim, mas sem me dar seu celular. Na vez seguinte que a gente se viu foi num bar, o Babalotim, no Rio Vermelho. Eu ía com meu namorado, saludei e dissimulei como pude. Ciúmes no ar...

Enton finalmente vamos-nos ver amanhá. Decidí non sair porque estou agotado, e marcamos no porto da Barra ás 11...

*piriguete: prostituta